segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Reflexão

Depois de 30 anos de fotografia e varios cursos ministrados, vou fazer uma refexão para que meus alunos e quem gosta de fotografia possam tirar algum proveito.
Uma das perguntas frequentes nos cursos e palestras que dou é " Qual maquina é melhor?, qual modelo?, Nikon ou Canon?
Isso me levou a pensar e vou passar a conclusão a que cheguei!

Por que será que com 60 anos de melhoramentos em câmeras, lentes, filmes, resolução e faixa dinâmica, ninguém consegue rivalizar com o que Ansel Adams fez lá nos anos 40?
Ansel nem mesmo tinha Photoshop! A maioria das tentativas nem chegou perto, algumas são boas, porém diferentes; como Jack Dykinga, mas nunca é a mesma coisa.

Por que será que fotógrafos carregados com os mais extraordinários equipamentos, que usam a internet para achar as coordenadas GPS exatas dos locais onde Jack ou Ansel fotografaram e saem de lá com uma imagem que deveria ser uma cópia exata (ilegal em vários países e pelo senso de decência), conseguem algo que pode parecer similar, mas ao qual falta todo o impacto e emoção do original que eles copiaram?
Não é brincadeira. Você pode achar um monte destes malucos. Eles usaram astrônomos universitários para prever o momento em quase duas décadas no qual as condições seriam propícias e então 300 deles convergiram ao ponto exato. Eles nem acertaram nas nuvens, neve os sombras. Isto faria Ansel se revirar no túmulo. E, claro, eles não conseguiram nada do que queriam.

As fotografias mais impactantes vêm da inspiração, não da duplicação.

Por que será que, embora todo mundo ache que o Photoshop pode ser usado para transformar uma imagem ruim em uma obra-prima, mesmo depois de horas de massagem e manipulações, esta imagem parece pior que quando se começou?
Concordo com o que Ansel falou “O componente mais importante da câmera são aqueles trinta centímetros atrás dela”.


A câmera captura sua imaginação. Se não há imaginação, não há foto – só embromação. Da palavra “imagem” deriva a palavra “imaginação”. Não deriva de “acuidade” ou de “nível de ruído”. O trabalho de David LaChapelle é todo sobre sua imaginação, não sobre sua câmera. Preparar estes instantâneos loucos é a parte difícil. Uma vez feito isto, qualquer câmera poderia capturá-los. Se me derem a câmera de David LaChapelle, não vou conseguir nada do que ele faz, mesmo se me derem os mesmos modelos performáticos.
Sempre digo que os pinceis de Da Vinci não pintavam sozinhos e mesmo que um assistente os usa-se não faria nada perdo do que o mestre fez.
Não importa o que voce faça quando se fala de arte, seja música, fotografia, surfe ou qualquer outra coisa, há uma montanha a ser escalada. O que acontece é que, nos primeiros vinte anos, mais ou menos, que você estuda qualquer arte, você só sabe que se você tivesse o melhor instrumento, câmera ou prancha, você seria tão bom quanto os profissionais. Você gasta um monte de tempo se preocupando com o equipamento e tentando adquirir o melhor. Depois de vinte anos, você fica tão bom quanto os melhores do mundo e, um dia, quando alguém lhe pede um conselho, você tem uma estalo onde você percebe que nunca foi nada de equipamento.

Você finalmente percebe que o equipamento certo que você acumulou somente torna mais fácil conseguir o som ou a imagem ou a manobra, mas que você conseguiria a mesma coisa, talvez com um pouco mais de esforço, com a mesma gambiarra com a qual você começou. Você percebe que a coisa mais importante do equipamento é simplesmente não atrapalhar. Você então percebe também que se, ao invés de comprar equipamento, você tivesse gasto o tempo praticando, fotografando ou pegando ondas, você teria chegado onde queria, porém muito antes.

Então, por que os artistas que você admira tendem a usar ferramentas elaboradas e caras, se a qualidade do trabalho é a mesma? Simples:
1. Boas ferramentas não atrapalham e tornam mais fácil chegar aos resultados que você quer. Piores ferramentas podem dar mais trabalho.
2. Elas são mais duráveis para pessoas que usam estas ferramentas o dia todo, todo dia.
3. Usuários avançados podem achar algum pequeno recurso conveniente. Estas conveniências fazem a vida do fotógrafo mais fácil, mas elas nãofazem as fotos ficarem melhores.
Então por que eu mostro fotos de mim mesmo com uma maquina e lente gigante em meu site? Simples: elas me poupam de dizer “Manolo Rodríguez, Fotógrafo”, que soa ridículo e toma mais espaço. A câmera gigante transmite a mensagem muito melhor e mais rápido, então eu posso só dizer “Manolo Rodriguez”.

Finalizando:

Fotógrafos fazer fotos, não câmeras.
É triste como poucas pessoas notam isto, e perdem todo o tempo culpando seu equipamento por resultados ruins, ao invés de perder este tempo aprendendo como ver, manipular e interpretar a luz.
Comprar novas câmeras vai garantir que você tenha os mesmos resultados que você sempre teve. Estudo é a maneira de tirar melhores imagens, não a câmera.
Abraços e espero ter ajudado!

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